Tempestades severas devem ocorrer em partes da Argentina, Uruguai e RS nos próximos dias. Abaixo uma sequência de figuras com CAPE da parcela mais instável e cisalhamento entre 0 e 6 km às 1800 UTC dos dias 10-12/03. Os altos valores de CAPE (>3000 J/kg) associados a cisalhamento 0-6-km > 30 kt em uma ampla área é similar ao que ocorre no auge da primavera. Esses ambientes devem suportar supercélulas com potencial de granizo muito grande na Argentina, e eventualmente sistemas convectivos de mesoescala que devem se propagar para áreas mais a leste como Uruguai e RS.
As condições favoráveis a tempo severo por vários dias seguidos parecem estar associadas a uma mudança no padrão de circulação em grande escala. Uma sequência de cavados em médios níveis deve avançar desde o Pacifico sul até as imediações dos Andes a partir de hoje, favorecendo escoamento de norte em boa parte da Bacia do Prata.
A sequência de imagens abaixo mostra os campos em 500 hPa às 0000 UTC dos dias 10-13/03. Alguns aspectos dessa sequência de mapas:
1) Amplo escoamento de sudoeste em latitudes médias em torno de 100W favorece o movimento para nordeste de vários cavados desde 50-60S até 30-40S próximo dos Andes, onde esses cavados influenciam as condições na Bacia do Prata.
2) Uma crista se intensifica sobre o centro do Brasil, o que deve favorecer mais intenso gradiente de geopotencial, jato de altos níveis e consequentemente cisalhamento profundo sobre a Bacia do Prata.
Alguns fatores associados à mudança de regime em médios níveis podem estar corrente acima no Pacifico Sul. As anomalias de geopotencial em 500 hPa no dia 09 0000 UTC indicam um bloqueio de Rex em torno de 135W. A crista associada a esse bloqueio estabelece escoamento de sudoeste em torno de 100W em latitudes médias, o que permite que os cavados em médios níveis avancem para nordeste em direção aos Andes, favorecendo tempo severo na Bacia do Prata.
E voltando no tempo um pouco mais, nota-se uma área com anomalias positivas de água precipitável que se estende de noroeste para sudeste a leste da linha de mudança de data (180 graus). Esse fluxo de água precipitável em direção a latitudes médias parece ser responsável pela formação da crista que faz parte do bloqueio de Rex alguns dias depois.