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[15-16/06/2023] Ciclone e chuva intensa no litoral/serra do RS e SC

A partir de amanhã (15/06), uma ciclogênese no litoral de SC deve causar chuva intensa em áreas do litoral e serra de SC e RS. 

Em grande escala, um cavado com inclinação negativa estava sobre o centro da América do Sul às 0000 UTC do dia 14 (abaixo). Esse cavado começa a ganhar inclinação negativa no dia 15 (mais abaixo), quando a ciclogênese começa, às 0000 UTC do dia 16 tem inclinação negativa sobre o Sul do Brasil (mais abaixo). O cavado nos dias 15 e 16 está associado a intenso movimento ascendente corrente abaixo do eixo, favorecendo queda de pressão no litoral, onde o ciclone se forma.

Em 250 hPa às 0000 UTC do dia 16 (abaixo), o jato estará posicionado de maneira a favorecer movimento ascendente na entrada equatorial, onde o ciclone se formará. Além disso, outro jato mais a norte terá sua saída polar sobre o ciclone, também favorecendo movimento ascendente. Esse acoplamento de dois jatos em altos níveis não é muito comum nesta região. 

Em baixos níveis, o ciclone se formará na costa de SC no dia 15 a norte de um anticiclone anômalo mais a sudeste.

Essa configuração no campo de pressão vai favorecer intenso escoamento de leste a sul do ciclone. O vento em 925 hPa de leste/sudeste (http://atmosferalivre.com/modelos_GFS/GFS_Sul/) será superior a 30 kt às 0000 UTC do dia 16 (abaixo), intensificando para mais de 45 kt na madrugada do dia 16 (mais abaixo). Contudo, conforme o ciclone se afasta da costa na madrugada, o vento deve virar para sul no litoral, diminuindo a convergência ao longo da Serra do Mar. 

A forçante em médios e altos níveis favorecerá chuva generalizada no leste da região Sul, mas o máximo de precipitação será ao longo da Serra do Mar onde a convergência em mesoescala, devido ao vento de leste/sudeste, favorecerá intenso levantamento. A agua precipitável de 35-40 mm e o levantamento intenso ao longo da costa devido à convergência orográfica serão favoráveis a chuva intensa. 

Quanto a precipitação, o GFS (rodada de 0600 UTC do dia 14) indica 200+ mm no nordeste do RS e sudeste de SC, ao longo da Serra do Mar, entre 1200 UTC do dia 15 e 1200 UTC do dia 16. O ECMWF indica acumulados similares. O Cosmo 7 km do INMET indica acumulados um pouco mais baixos (100-150 mm), mas máximo na mesma região. Mesma coisa com o WRF 7 km do CPTEC. Dada a boa consistência entre os modelos, espera-se que a região tenha precipitação de pelo menos 100 mm em 24h, podendo superar 200 mm.  

[23/06/2023] Rio atmosférico no Chile

Um intenso rio atmosférico atingiu o Chile no dia 23-24/Jun. O transporte de umidade associado ao rio atmosférico, mostrado abaixo através do transporte integrado de vapor d’água às 12Z do dia 23 Jun, favoreceu intensa precipitação na costa e ao longo dos Andes, além de neve intensa nos pontos mais altos das montanhas.

Uma crista anômala em médios níveis sobre a costa do Peru e norte do Chile associada a um cavado com orientação positiva no Pacífico Sudeste favorecem intenso escoamento de WNW no Pacifico. 

A água precipitável acima de 40 mm em alguns pontos do rio atmosférico será 2-3 desvios padrão acima da média. Essa quantidade de água precipitável na atmosfera é incomum no inverno, quando a presença de umidade proveniente do Pacifico Tropical é menos comum.

A quantidade de precipitação prevista pelo GFS é muito impressionante, com máximo em 72 h de mais de 200 mm. Nos picos mais altos dos Andes, parte dessa precipitação deve cair como neve, gerando acumulados extremos de neve.

As trajetórias das parcelas que chegam no Chile 12Z de hoje nos últimos 5 dias viajaram pelo Pacifico sul subtropical com orientação bastante zonal. Essas parcelas viajam paralelas ao jato em altos níveis seguindo o escoamento de oeste/noroeste em baixos níveis. A umidade ao longo do rio atmosférico e na costa do Chile se torna elevada provavelmente pela convergência de umidade durante um longo período de tempo, em vez de um transporte direto de uma área com grande quantidade de umidade como o Pacifico Tropical.